Chacina da Baixada Fluminense: uma gravíssima afronta ao poder público
Milton Corrêa da Costa
A espantosa e cruel chacina, ocorrida no último final de semana, na
divisa dos municípios de Nilópolis e Mesquita, Região Metropolitana do
Rio, cuja autoria é atribuída a traficantes da localidade da Chatuba, em
Mesquita, em que seis jovens foram encontrados mortos, com os
corpos mutilados, nus, enrolados em lençóis, crivados de bala,
esfaqueados e com marcas de tortura, numa chocante cena, de extrema
violência e barbaridade, mostra, mais uma vez, que estamos diante de
seres irracionais, monstros assassinos, frios e covardes, que portam
armas de guera, dotados de elevado grau de crueldade e letalidade e de
desprezo à vida humana, cuja finalidade precípua é implantar o terror ao
próximo, onde o poder público, afrontado em grau
máximo, como medida urgente de defesa social, acaba de decidir
pela implantação, na localidade sob o império do medo, de uma companhia
integrada da Polícia Militar, composta por mais de uma centena de
homens. Primeira e necessária medida de desencorajamento às açoes de
ousados bandidos e de pronto restabelecimento da lei e da ordem..
Tal episódio, de suma violência e de gravíssima afronta ao poder
público, demonstra também que a doutrina narcoterrorista, por disputa de
territórios do tráfico, no âmbito da Região Metropolitana do Rio, está
muito longe de acabar. A UPP os enfraqueceu nas finanças, os fez migrar
de habitat, além da desarticulação de suas lideranças, já presas em
penitenciárias de segurança máxima fora do Estado, mas não os fez recuar
no grau de ousadia e violência e na crença da possibilidade de
manter-se atuante, desafiando e enfrentando, sempre que oportuno o
poder legal. Uma crimnalidade atípica e violenta que intimida pelo
poderio do fuzil de guerra de última geração, cujos redutos do tráfico
(morros e favelas), os aquários onde os peixes traficantes precisam para
sobreviver, continuam sendo abastecidos por drogas e armas de
destruição humana.
Num país de legislação mais dura e realista tais facínoras
-normalmete agem sob o efeito de drogas- perderiam definitivamente o
direito de conviver em sociedade pelo crime hediondo cometido. Ao invés
de propor, como recentemente, a perigosa descriminalização e legalização
de drogas, como capítulo do anteprojeto do novo Código Penal, numa
grave ameaça à juventude brasileira, a Comissão de Notáveis deveria
propor, como defesa urgente da sociedade, a emenda consitucional para
implantação da pena de prisão perpétua no país em casos de crimes como
este, pondo fim a uma anacrônica e indesejável cláusula pétrea
consitucional que até agora não permite tal necessária mudança na lei
penal brasileira.
Para minimizar a dor da saudade e do sofrimento das famílias
enlutadas e destruídas, é ponto de honra para a polícia do Rio
identificar e prender, o quanto antes, tais covardes assassinos, que
ameaçam a vida e a dignidade humana de qualquer cidadão. Vejam, no mesmo
fim de semana, o bárbaro assassinato de um cadete da PM na mesma região
da Chatuba, onde o corpo foi encontrado todo mutilado e torturado.
Estamos diante de bestas humanas que matam com requintes de perversidade
e que só o cárcere pode alijá-los do convívio social À justiça cabe,
portanto, condená-los com o máximo rigor da lei. À população
fluminense fazer uso do canal do Disque-Denúncia (2253-1177) fornecendo
informações que colaborem na prisão dos referidos marginais, Quanto ao
aparelho policial cabe a captura permanente e sem tréguas aos perversos
asassinos, antes que outros chacinas passem a virar rotina na violência
sem fim da guerra urbana no âmbito do Rio de Janeiro. O preço da
liberdade, contra narcoterroristas, é a eterna vigilância e o combate
policial obstinado.
Milton Corrêa da Costa é pesquisador e estudioso em violência urbana
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