Rio -  A Secretaria Municipal de Saúde informou que as faltas não justificadas do neurocirurgião Adão Crespo Gonçalves foram registradas e serão descontadas e que ele não comunicou oficialmente seu afastamento.

A secretaria justificou a presença de apenas um neurocirurgião alegando que cumpre lei federal. Adão aparece na lista do plantão do Salgado Filho no dia 31.
Mas a Secretaria de Saúde informou que o nome já foi retirado e que a relação já estava pronta antes do médico ser afastado quinta-feira. Ele saiu pelos fundos da delegacia: “Se chegar perto, vou empurrar”, ameaçou. Adrielly continua em estado grave no Souza Aguiar, no Centro.
Médico Adão Crespo dos Santos é ouvido na 23ª DP | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia
Médico Adão Crespo dos Santos foi ouvido na 23ª DP | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia
Médico declarou insatisfação com escala de trabalho
A insatisfação com a escala de trabalho no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, foi o motivo alegado pelo neurocirurgião Adão Crespo dos Santos para faltar não só ao plantão do dia 24, mas a todos os outros neste mês.
Pai de menina atingida por bala perdida diz que vai processar a prefeitura | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Pai de menina atingida por bala perdida diz que vai processar a prefeitura | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia

A revelação foi feita pelo próprio médico, nesta sexta-feira, em depoimento na 23ª DP (Méier). Devido à ausência dele, Adrielly dos Santos Vieira, 10 anos, teve que esperar quase oito horas para ser operada — ela foi atingida por bala perdida na cabeça, na véspera do Natal, em Pilares. Adão foi afastado das suas funções.
Ele contou ainda que já havia avisado ao chefe do setor onde trabalha, José Renato Paixão, sobre a decisão de não mais trabalhar. O médico alega que atuava sozinho quando a resolução número 100 do Conselho Regional de Medicina (Cremerj) prevê que plantões tenham dois neurocirurgiões. Para “resolver” o problema, Adão decidiu deixar ospacientes ao Deus-dará.
No dia 24, Adão estava escalado para trabalhar das 20h às 8h do dia 25. Mas, de acordo com o depoimento, ele ligou para José Renato dia 21, às 16h28, para avisar que não iria. Delegado da 23ª DP, Luiz Archimedes vai pedir a quebra de sigilo telefônico do neurocirurgião e marcou para dia 4 o depoimento de José Renato.
Segundo Archimedes, Adão não assinou o livro de ponto do hospital. “Ele está em branco. A explicação que ele deu para faltar os plantões não o isenta da responsabilidade. Vamos seguir investigando e outras pessoas podem ser responsabilizadas pela omissão de socorro à menina”. O prefeito Eduardo Paes disse que vai assinar terça-feira, dia 1º, decreto implantando o controle biométrico de frequência nos hospitais.