Novo capítulo da 'guerra dos royalties' pode trazer
prejuízos para crescimento de Maricá
Cidade recebe em média R$ 9 milhões e
previsão de aumento era de 65% em 2013
Com a anulação do veto presidencial à nova lei dos
royalties de petróleo - decidida em votação no Congresso Nacional nesta
quarta-feira (06/03) e divulgada hoje (07), a ameaça de redução dos repasses
para estados e municípios produtores - entre eles Maricá - está mais próxima.
A cidade, que possui atualmente a segunda maior
taxa de crescimento populacional do Estado e que vive um período de aquecimento
econômico, será afetada diretamente pela queda no volume de royalties e
participação especial (só em janeiro e fevereiro deste ano Maricá o volume
representa R$ 20 milhões, segundo dados da secretaria municipal de Fazenda).
Projetos de infraestrutura, saúde e educação, bem como serviços essenciais, serão
impactados negativamente, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) não anule os
efeitos da nova lei - considerada inconstitucional pelos estados produtores de
petróleo (Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo) por alterar contratos já
assinados, e contestada também pelo prefeito de Maricá, Washington Quaquá:
- "O principio da democracia é que a maioria
pode muito, mas não pode tudo. Não e possível esmagar a minoria. O Congresso
Nacional rompeu o pacto federativo, rasgou a Constituição e se mostrou menor
que o Brasil", afirma. "Não acredito que o Supremo Tribunal Federal
irá deixar que a Constituição e os contratos sejam rasgados no Brasil",
declarou o prefeito, comentando em seguida a decisão do governador do Rio,
Sérgio Cabral, de suspender os pagamentos do estado - com exceção dos salários
dos servidores, até o julgamento da liminar impetrada junto ao STF. "O
momento não é para alvoroço juvenil. Confiamos no governo do estado, que é o
nosso interlocutor mais confiável, e vamos aguardar que o STF julgue com
serenidade e espírito federativo a inconstitucionalidade óbvia da lei",
finalizou.
Pelas regras atuais, a cidade de Maricá recebe, em
média, R$ 9 milhões mensais em tributos de royalties (tributos pagos pelas
empresas que exploram petróleo como forma de compensação por possíveis danos
ambientais causados pela extração) e participação especial (reparação pela
exploração de grandes campos de extração, como os da camada pré-sal descoberta
na costa brasileira recentemente). Segundo projeções da secretaria municipal de
Fazenda, os ganhos na cidade aumentariam cerca de 65% em 2013, considerando-se
a lei em vigor, os repasses dos últimos anos e a atual curva de crescimento da
produção da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Em
2009, Maricá recebeu R$ 23 milhões; em 2010, R$ 37 milhões (aumento de 64,16%)
e em 2011 mais de R$ 68 milhões (aumento de 79,64%). A arrecadação alcançou os
R$ 112 milhões no ano passado (64,86% a mais do que em 2011). As novas regras
reduziriam o repasse.
Alterações comprometem o futuro da cidade
Para o secretário municipal de Fazenda, Roberto
Santiago, essa diminuição do repasse terá um impacto desastroso para a economia
da cidade e para investimentos em obras de grande porte, principalmente na área
de urbanização. “Precisamos desse repasse dos royalties para sustentar os
investimentos capazes de conduzir o crescimento de Maricá. Todo o nosso plano
de desenvolvimento econômico será afetado. Não é uma perda apenas para esse
governo, mas um retrocesso para a nossa cidade”, destacou o secretário de
Fazenda.
Com a verba dos royalties, a Prefeitura de Maricá
já reformou e ampliou escolas, investiu na aquisição de máquinas para a
urbanização de vias públicas e conseguiu, por exemplo, aderir ao ProUca –
programa federal que permite a aquisição de computadores para alunos da rede
pública. A prefeitura distribuiu mais de 14 mil netbooks para todos os alunos
da rede municipal.
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